11 de setembro de 2009

O BANHEIRO DO PAPA

É filme de intenções nobres, personagens perseverantes e uma conclusão em tom desiludido porém esperançoso, que cutuca a ferida das desiguldades sociais na América Latina. É um longa que implora para ser amado por todos os cidadãos de bem. É desses filmes onde a gente consegue enxergar a cultura de um país de forma incrivelmente nítida. Quando se é natural de uma cidade que fica duas horas distante daquele país, a proximidade contribui, inclusive, para que compreendamos, ainda que um pouco de longe, a vida das pessoas que o filme faz desfilar em imagens diante de nós.

Há miséria no Brasil? Lógico. Uma miséria vasta, irrevogável, nítida e extremamente saturada. E há esperança também? Por suposto! No Uruguay também, e principalmente, há miséria. Uma miséria triste, assustadora, que parece fazer com que o mundo ande bem mais devagar que os relógios normais. E a esperança também existe. As diferenças é que são abissais. A miséria do Brasil é uma miséria violenta e malemolente. Chega a ser uma miséria de conformismo enervante em alguns lugares, em algumas situações. A esperança é carnaval, a esperança é o esquecimento, a esperança é se conformar com o que não se tem e buscar viver uma vida menos triste. A miséria uruguaia é triste, culpada, deprimida. E a esperança é uma coisa inocente, é uma tristeza que sorri com o canto da boca, uma alegria que esconde os sacrifícios. A miséria brasileira tem cores quentes, vivas, sufocantes também. A do Uruguay é uma miséria azul, cinza, cor de concreto. Tem alegria no Uruguay, lógico, e tem uma tentativa de esquecer o sacrifício também. Mas é tão diferente…